“Não faço visitas, nem ando em sociedade alguma - nem de salas, nem de cafés. Fazê-lo seria sacrificar a minha unidade interior, entregar-me a conversas inúteis, furtar tempo senão aos meus raciocínios e aos meus projetos, pelo menos aos meus sonhos, que sempre são mais belos que a conversa alheia.” 

Fernando Pessoa - “Inéditos” 

Para quê perder tempo em casas vazias, conversas inúteis e pessoas rasas, quando nos podemos perder em sonhos grandiosos, pensamentos importantes e, no geral, em coisas muito mais interessantes. 

Hoje em dia, quando uma fotografia ou uma mensagem são mais importantes do que simplesmente existir ao comando dos nossos sonhos, quando a opinião dos outros fala mais alto do que a nossa própria vontade, quando nos damos conta de que estamos a fazer algo só porque alguém perto de nós está a fazer o mesmo e não por livre vontade, é aí que nos apercebemos de que estamos mal na vida e de que está na hora de nos trancarmos no quarto dos nossos sonhos e pensar duas vezes no mundo raso onde vivemos.  

Aprender a fazer escolhas por nós próprios é muito mais importante do que aquilo que os outros pensam das nossas escolhas. Saber pensar pela própria cabeça, hoje em dia, parece que é algo que não pode acontecer, porque, se acontecer, vamos viver isolados para sempre, a sós com os próprios pensamentos. Parece algo impensável e que acaba por eliminar qualquer resquício de individualidade que resta no nosso mundo.  

Por isso é que é importante ler muito. Ler Fernando Pessoa, ler Saramago, ler Clarice Lispector. Ler todos os que lutam pela individualidade. Ler o trabalho dos loucos que andaram por cá, antes de nós, pois é a partir destes loucos, destes viajantes que percebemos que sonhar, pensar, ou até ficar sozinho no mundo, nem que seja por dois segundos, é muito mais importante do que andar por aí, perdido em conversas inúteis, em vidas perdidas e almas que não têm salvação.

Atividade de Escrita Criativa

Português - 12.ºD

Diná Duarte