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És_criativo(a): atividade de escrita

Partilha de textos

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O regresso do escudeiro (I)

31.01.22

"Afinal, o escudeiro Brás da Mata não morreu e regressou a casa…"

 

Estava Pêro Marques a fazer uma massagem a Inês, em sua casa.

( Truz-truz ...)

INÊS: Abre a porta, marido.

(Pêro Marques abre a porta e entra Brás da Mata.)

BRÁS DA MATA: O quanto te procurei, minha Inês! Escapaste do baú onde te guardava! E o moço? Nem vê-lo! Vejo que já arranjaste uma bela casa para ti e um novo serviçal.

INÊS: Brás da Mata?! Julgávamos-te morto quando fugias da guerra! Estou a ter visões?

PÊRO MARQUES: Se estais louca, minha Inês, eu estou também!

BRÁS DA MATA: “Minha Inês”? Minha é ela moço!

INÊS: Meu moço não é ele! Ele é meu marido. Apresento-te Pêro Marques.

(Pêro Marques estende a mão, o que Brás da Mata ignora.)

BRÁS DA MATA: Eu fugi da guerra por ti, Inês. Fingi-me de morto por ti!

INÊS: Por mim?! Não terá sido por seres um cobarde medroso?!

BRÁS DA MATA: Se vivo estou, casada comigo estás! Vem comigo, Inês, és minha por direito!

INÊS: Com ele também sou casada, prefiro ficar aqui livre com ele, do que contigo trancada.

BRÁS DA MATA: Não me faças perder a paciência, Inês. Se não vieres comigo direi a todos que és casada com dois! O que pensará a igreja? E tua mãe, Inês?

INÊS: Ninguém acreditará!

BRÁS DA MATA: De mim, nobre escudeiro, ninguém duvidará!

(Pêro dá um passo em frente, tropeça e empurra o escudeiro para dentro de uma despensa. Inês roda a chave na fechadura, trancando Brás da Mata.)

INÊS: Ele ficará ali fechado como eu estive durante uma eternidade.

PÊRO: E não virão à procura dele? E se nos apanham?

INÊS: Ninguém procura um morto. Ele ficará ali como cavalo em sua cela.

Mafalda e Maria.png

 

Poema da turma...

28.01.22

Importa dizer

Que a solidão se instala e a saudade tem

marcado cada um de nós

Que ficamos longe cinco meses agora

o que nos separa é um plástico transparente de máscaras sufocantes

Importa dizer

Que a ausência dos outros tornou-se a nossa

tristeza

Atormentou o mundo e mexeu com tudo

Pior que perder foi deixar partir a casa ao longo dos dias

Importa dizer

Que o receio permanece mas a esperança ainda vive

Pode

Por entre a saudade de abraços proibidos

inimigos que se escondem sorrateiramente

uma só palavra conduzir à felicidade

Oficina de Poesia_11D.png

 

Poesia da turma...

27.01.22

Conheço-me pouco tal como ao mundo

E sinto falta de tudo o que o mundo nos tira

tão alegre e cruel

cheio de raiva e inveja

 

O mundo lá fora em movimento

Habitado de luz e ruído e poluição e gente

Onde por vezes procuramos no avesso dos

subúrbios de palavras em falta as ruas do amor

Poderia ter mais cor se o soubéssemos pintar

de outra forma

Não aqui mas em todos os lugares

Para ver a que horizontes o ar nos pode levar

Saudade esperança liberdade

E abrimos janelas a imaginar

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