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És_criativo(a): atividade de escrita

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A declaração

27.01.21

“Na fonte está Leanor

Lavando a talha e chorando,

Às amigas perguntando:

Vistes lá o meu amor?”

Luís de Camões

 

É grande a mágoa de Leonor que por seu amigo chora, em grande lamento. As suas amigas com imensa pena escutam o seu queixume, junto à fonte, sítio habitual de encontro para a conversa destas grandes amigas.

Leonor chora sem parar e, já cansadas de tanto ouvirem o pranto dela, as suas amigas decidem ir,  por sua vez, falar com o amado da bela Leonor. Ao chegarem ao local onde ele se encontra, diz-lhe uma:

-Olha, nós sabemos que tu amas Leonor, então, porque não te declaras?

-Tenho medo de que ela não goste de mim como sou e que me rejeite passado algum tempo. Ela é perfeita e eu … - respondeu, desconsolado e triste o jovem.

-Não sejas tolo! Ela ama-te tal como és e, na verdade, ela pensa que tu, sim, que tu é que és demais para ela. Por tudo isto, está ela há horas a lamentar-se e a chorar imenso na fonte.

Ao saber do ocorrido, o jovem ganha coragem e aceita a proposta de ir com as amigas de Leonor ao encontro dela.

Chegados à fonte, ambos ficam contentes por se verem um ao outro.

-Que fazes tu aqui? - pergunta-lhe Leonor, na singela esperança de ouvir a declaração amorosa do seu amado.

- Vim para te declarar o meu amor por ti, Leonor! És tão bela e encantadora que eu nunca pensei ter qualquer chance contigo, então, decidi guardar os meus sentimentos só para mim, mas, quando as tuas amigas vieram falar comigo, consegui ter a coragem que tanto me escapava para te dizer que te amo...

Leonor, perplexa pelo que acabara de ouvir, quase fica sem palavras e responde:

-Meu amado, eu também te amo! Sempre achei que eras bom demais para uma rapariga simples como eu... Então, só lamentava o quanto te amava…

Os jovens, felizes com o que acabara de acontecer, retornam as suas casas e com um novo amor a habitar os seus corações puros e apaixonados.

Ana Araújo.png

 

 

Procurando outro alguém para amar

25.01.21

“Na fonte está Leanor

Lavando a talha e chorando,

Às amigas perguntando:

Vistes lá o meu amor?”

Luís de Camões

 

Como Leonor já estava devastada pela espera e pela procura do seu amor, acabou por dirigir-se à fonte. Quer recordar-se do dia, que melhor planeado, fora motivo dos seus sorrisos e não lembrança da sua angústia.

Já tarde e logo após outro momento de esgotamento, que ela julgou corromper-lhe a alma, viu-se cercada pela escuridão. Tentou manobrar-se por diversos caminhos até casa, mas, já escuro e cansada, acaba por pernoitar na floresta.

É acordada na manhã seguinte pelo cantar dos pássaros e por um homem elegante que a olha com preocupação.

-O que uma jovem formosa como tu faz por aqui?

-Descanso, ora!

Leonor recompõe-se e distancia-se com desdém.

O homem promete-lhe que a encontrará noutras circunstâncias, que não aquela, pois o seu súbito interesse não reflete apenas preocupação.

Passadas já longas semanas, o misterioso homem vê-se de cabeça perdida, pois já não vê Leonor desde aquela manhã. Procura-a por tudo o que era sítio até que a avista, agora, junto à fonte.

-Oh, bela, acreditas que nos vemos aqui por coincidência ou será o destino que nos quer juntos?

-Contigo não posso ficar, pois o meu coração pertence a outro.

-E onde está ele?

-De certo que anda perdido por aí, mas um dia virá para me levar.

Este, cabisbaixo, e já sem qualquer esperança, vira as costas e segue outro rumo, procurando outro alguém para amar.

Beatriz Rodrigues.png