De caras com a realidade
Certo dia, Sofia, uma rapariga de 17 anos, estava na escola, junto das suas amigas, quando viu uma delas com um telemóvel novo. Foi para casa pensar nessa situação e decidiu que também queria comprar um. O problema é que era muito caro, mas, naquela época, estava na moda e por isso queria-o mais que tudo!
Ela disse para si mesma: “se eu for pedir um empréstimo de 800 euros ao banco, quando tiver a oportunidade de pagar, irei pagar esse dinheiro mais um juro de 12%, o que nem é muito caro”. Posto isto, foi ter com a sua mãe para partilhar com ela a ideia que tivera. A mãe não concordou em gastar tanto dinheiro num telemóvel, mas Sofia não quis saber, continuou a pensar na sua ideia e decidiu ir ao banco.
Durante o caminho, ela pôde observar várias pessoas com diferentes empregos. Começou por ver um varredor de rua, depois um grupo de homens a construir um prédio e, por fim, cruzou-se com a sua tia que é empregada doméstica. Ao ver todos estes tipos de situações, ela ficou a pensar se ainda valeria a pena ir ao banco pedir um empréstimo tão caro, pois as pessoas com que se deparara recebiam todas o salário mínimo (635 euros) que só servia para alimentar a família e pouco mais. Sofia sabia disso pois sabia em que situação vivia a sua tia e percebia as dificuldades que ela passava. Acabou por dar razão à mãe e desistiu de ir ao banco só por causa de um telemóvel.
Foi para casa a pensar numa outra solução para conseguir o telemóvel e chegou à conclusão que teria de juntar o dinheiro, mas depois apercebeu-se que ia demorar muito e ela não gostava de esperar. Chegou a casa e falou com a mãe que lhe disse:
- Filha, achas mesmo necessário comprar um telemóvel tão caro, quando o teu ainda funciona? Lembra-te da situação financeira da tua tia e que há pessoas que iam ser muito ajudadas se tivessem o dinheiro que vais gastar num telemóvel.
Sofia compreendeu e escolheu não comprar o telemóvel. Sentiu-se feliz com a escolha que fizera, visto que conseguiu fazer essa escolha a pensar nas outras pessoas.